Canibalismo é crime no Brasil? Veja o que dizem especialistas sobre a prática investigada no litoral de SP
Casal foi preso em flagrante após idosa confessar ter matado morador em situação de rua e comido partes do corpo dele em Peruíbe (SP). Advogados explicaram ...

Casal foi preso em flagrante após idosa confessar ter matado morador em situação de rua e comido partes do corpo dele em Peruíbe (SP). Advogados explicaram ao g1 as possíveis consequências da prática. Josefa Lima de Sousa confessou ter matado homem e comido órgãos dele em Peruíbe (SP) g1 Santos e Polícia Civil Uma idosa, de 65 anos, foi presa após confessar ter matado e comido os órgãos de um homem, de 60, em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ao g1, especialistas explicaram que o canibalismo não é tipificado como um crime específico no Código Penal Brasileiro (CTB), mas pode estar associado a outros. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Celso Marques Ferreira foi encontrado morto com diversos ferimentos de arma branca no pescoço, na caixa torácica e nas partes íntimas, na Rua Antônio Siqueira, no bairro Beira Mar, na manhã de sexta-feira (7). Ao lado do cadáver, havia uma placa com as palavras: "estuprador pega gringa". Josefa Lima de Sousa, também conhecida como 'Gringa', foi presa junto com o companheiro, Robson Aparecido de Oliveira, de 41. Canibalismo é crime? Segundo a advogada criminalista Priscila Modesto, o Código Penal Brasileiro não tipifica o canibalismo como crime, mas pode estar associado a outras tipificações criminais que envolvem o ato. O caso noticiado envolve homicídio, que tem previsão legal no Art. 121, por exemplo. “Envolve o assassinato de uma pessoa para consumo de sua carne. O responsável pode ser enquadrado no crime de homicídio qualificado, como motivo torpe ou meio cruel [cuja pena varia entre 12 e 30 anos de reclusão]”, afirmou a especialista. O também advogado criminalista Matheus Cury explicou que o responsável pelo ato de canibalismo ainda pode responder por ocultação ou destruição de cadáver, ambos previstos no Art. 211 do CPB. "Sob a minha ótica está mais para destruição de cadáver, mas vai depender das circunstâncias e da intenção da pessoa que praticou o crime", acrescentou ele. Ainda segundo Priscila, a Justiça pode ter esse entendimento caso a pessoa que cometeu o ato tome medidas como esconder, enterrar, descartar ou eliminar partes do corpo da vítima. Tanto a ocultação quanto a destruição de cadáver têm pena de um a três anos de reclusão e multa, mas como estão sempre acompanhadas do homicídio, e algumas vezes de qualificadoras, o tempo aumenta. “Caso haja outros envolvidos que ajudem na ocultação do corpo, essas pessoas também podem ser responsabilizadas. Se a ocultação ocorrer para dificultar a investigação do homicídio, pode ser considerada uma agravante”, completou a advogada. O caso Imagens fortes g1 Recado foi deixado ao lado do corpo em Peruíbe (SP) g1 Santos ‘Gringa’, a palavra encontrada no bilhete deixado ao lado do corpo da vítima, é um dos apelidos de Josefa Lima de Sousa, que também mora em situação de rua e confessou o crime à polícia. A idosa acusou Celso de estuprar crianças, mas não citou as supostas vítimas dele, e disse tê-lo matado “com a força do pensamento”. Celso Marques Ferreira, o companheiro da idosa, também acabou detido. A Polícia Civil investiga a possibilidade de Josefa ter feito e distribuído uma sopa com os órgãos da vítima. Conforme apurado pelo g1, a hipótese analisada pela corporação foi levantada depois que outros moradores em situação de rua relataram ter comido uma sopa servida por ela ao amanhecer. A população em situação de rua informou não saber os ingredientes do prato, mas como Josefa disse que comeu os órgãos, a polícia não descartou a hipótese dela tê-los usado na sopa. Durante investigação conduzida pelo delegado Ricardo Wagner Zaitune e pelo chefe dos investigadores Anderson Lomenzo Buono, a equipe da Polícia Civil encontrou um braseiro com carvão próximo de onde os moradores dormiam, mas a panela estava vazia. Por isso, não foi possível identificar se foi feita sopa nela. Prisões De acordo com a equipe policial, houve indícios suficientes de que Josefa participou do crime, pois além da confissão, foi apurado que ela tinha conflitos com a vítima. Apesar de não ter confessado a participação, a polícia considerou que Robson deveria ser preso porque ele teria ameaçado Celso recentemente e, segundo a investigação, Josefa não conseguiria praticar o assassinato sozinha. Outros três moradores em situação de rua foram qualificados como investigados pelo crime. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos ,