Economia brasileira cresce 0,9% no terceiro trimestre
Houve uma pequena desaceleração em relação ao segundo trimestre, que foi de 1,4%. Economia brasileira cresce 0,9%, no terceiro trimestre A economia brasile...
Houve uma pequena desaceleração em relação ao segundo trimestre, que foi de 1,4%. Economia brasileira cresce 0,9%, no terceiro trimestre A economia brasileira cresceu 0,9%, no terceiro trimestre. A Sofia Tavares, de 10 anos, é uma menina muito alegre e que gosta de: "Eu gosto de brincar, eu gosto de falar muito, eu gosto de conversar e gosto também muito de sorvete, ainda mais o daqui, eu amo muito", diz Sofia. Mas o que essa fofa está fazendo em uma reportagem de PIB? A Sofia pede o sorvete, o paizão paga, a empresa fatura, paga impostos, mantém três funcionários com carteira assinada. E esse movimento abre outro círculo igual na fábrica, uma outra empresa, onde os sorvetes são feitos. E tudo o que essas empresas geram entra nas contas do PIB, que soma tudo o que o país produz em um determinado período. A reportagem trata das contas do terceiro trimestre, que foram divulgadas nesta terça-feira (3) pelo IBGE. O crescimento teve uma pequena desaceleração: foi de 0,9% em relação ao segundo trimestre, que foi de 1,4%. Se a gente comparar com o mesmo período de 2023, o resultado é forte: 4% de crescimento. No acumulado do ano, o PIB já cresceu 3,1% em relação a 2023. O índice já é quase o mesmo do PIB total de 2023, que nesta terça-feira (3) foi revisado pelo IBGE de 2,9 para 3,2%. No ranking com 62 países, o Brasil aparece em décimo lugar, atrás da Dinamarca e do México. "Primeiro aspecto que o PIB foi um crescimento forte depois de crescer dois trimestres bastante. Então continuou mostrando um crescimento robusto e também mostrou uma característica interessante de ser espalhado pelos setores. Houve um crescimento muito mais generalizado e muito diferente do que foi lá em 23", afirma Silvia Matos, pesquisadora do FGV Ibre. Realmente aconteceu. Pela ótica da oferta, a agropecuária recuou por causa da seca. Mas veja a compensação que os desempenhos da indústria e dos serviços trouxeram. Esse movimento espalhado seguiu por todos os outros setores. O consumo das famílias - por exemplo - teve uma expansão de 1,5%. Segundo o IBGE, o décimo quarto trimestre seguido de crescimento. A Sílvia destaca: é claro que crescer é muito bom. Consumir, também. Mas ela alerta que a capacidade de produção do país pode não acompanhar uma demanda forte, alimentada pelos programas sociais e pelo aumento da oferta de emprego. "A gente gostaria de crescer sempre, mas não com inflação. Nesse sentido, o que a gente diz, a nossa capacidade produtiva ela mostra um crescimento mais próximo de 2, talvez na melhor das hipóteses 2,5, mas 3, 3,5 é muito acima da nossa capacidade produtiva. Tanto que as empresas não estão encontrando trabalhadores, estão tendo dificuldade". Vamos para o consumo do governo que, mesmo deficitário, aumentou os gastos. As exportações caíram. E as importações subiram em um ritmo bem menor. Mas o sinal de que o setor produtivo está crescendo, mesmo com os juros em alta, está aqui: os investimentos tiveram o quarto aumento seguido. Olha o caso da Marceli. Juntou as economias da vida e em setembro inaugurou uma bela sorveteria no Méier, zona norte do Rio. Ela teve que investir em equipamentos caros e em até energia solar pra reduzir a conta de luz. Esse é o primeiro emprego do Marlon, mais uma vez, é a roda da economia girando. "Uma coisa foi puxando a outra e terminou que não foi só positivo para gente o impacto, mas para os comércios ao redor, temos um café aqui do lado, tem cada vez mais clientes frequentando e os outros comércios também", comenta Marlon Sampaio, funcionário da sorveteria. E em uma tacada só, a Marceli contribuiu para dois setores do PIB: serviços e investimento. "Está dando mais do que certo. O que a gente tinha planejado para 20 dias em 12 dias a gente alcançou, e a gente está muito feliz", ressalta Marceli Correa Joaquim, empresária. Um crescimento que poderia ser mais sustentável, segundo a economista. "Na prática a gente tem menos condições para aumentar esse investimento. Infelizmente, o governo nesse caso que deveria estar poupando ele é deficitário, por isso que a gente relaciona muito os problemas fiscais com problema que a gente está vivendo hoje. Se nós tivéssemos um governo digamos superavitário, talvez a gente pudesse estar crescendo em um ritmo mais elevado, ainda com capacidade de mais investimento sem gerar essa pressão inflacionaria", destaca. Economia brasileira cresce 0,9% no terceiro trimestre Jornal Nacional Investimento na indústria E agora mais cenas do último capítulo da economia brasileira: a perda de ritmo da construção. Das empresas de eletricidade, gás, água e esgoto. O zero a zero das indústrias extrativas. E a resiliência da indústria de transformação. É a protagonista do setor, em que muita coisa começa. Há uma década, uma fábrica não produzia uma máquina dessas — feita pra grandes obras e orçamentos. Só pode ser encomenda de empresário que está construindo o futuro. "Quem compra nossa máquina é um produto que ele está investindo, não é consumo. Então, nossa máquina é como você comprar um carro para sua família, você compra para usar em médio e longo prazo", afirma Marcelo de Araújo Bois, diretor da empresa. Está aí a tradução do que o IBGE chama de formação bruta de capital fixo. Alta de 10,8% na comparação anual. "O crescimento do investimento surpreendeu esse ano, principalmente, quando a gente olha a taxa de juros. Parte desse investimento em infraestrutura no Brasil vem sendo puxado pelas concessões e privatizações — como saneamento e energia elétrica. Outra parte importante foi o desenvolvimento de software. É um investimento mais dinâmico e também cresce independente da gente ter taxa de juros muito elevadas", diz Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter. A economista-chefe do Inter lembra a necessidade de equilíbrio entre o que o país gasta e arrecada. "Um dos problemas para taxa de investimento subir um pouco mais é manter uma taxa de juros mais baixa, e aí a gente volta para questão fiscal. A gente precisa ter um pouco mais de previsibilidade no fiscal para que os juros no Brasil caiam um pouco mais e aí sim, com juros menores, você volta a estimular o investimento", conta Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter. A produção chegando ao limite da capacidade das fábricas. Os times pressionados pela falta de mão de obra qualificada no mercado. A atividade em um galpão que vai ficando apertado. São outras cenas da dinâmica do país que falam da necessidade de investir mais em tecnologia, infraestrutura, educação. É nítido que o Brasil vive uma retomada dos ciclos de investimento, mas isso ainda é pouco para o tamanho potencial da economia. A taxa de investimento no Brasil passou de 16,4% para 17,6% do PIB, no terceiro trimestre. Mas isso é menos que o nível de investimento da Argentina, Peru, Rússia, Canadá, México, Índia ou Coreia do Sul. No Brasil, a vontade de crescer vai atrás de alternativas. Para a falta de espaço, veio a empilhadeira nova. "Acabou a área horizontal, agora só área vertical na empresa. Então, a gente está empilhando tanto matéria-prima quanto estoque para gente conseguir aumentar a velocidade de produção. A gente tem que ter estoque,", ressalta Rafael Bois, sócio-diretor da empresa. Para escassez de mão de obra, a aposta no Nilson. No fim do turno, ele vai para a faculdade de engenharia. "Engenheiro, né? Projetando, ajudando a conseguir soluções. É um futuro promissor", diz Nielson dos Santos, coordenador de manutenção. A história mostra que o futuro das nações só se faz com investimento em maquinas e pessoas. "O problema da economia brasileira é justamente que parece que não existe um roteiro, um plano de longo prazo para realizar os investimentos, o que acaba comprometendo justamente todo o nosso futuro. Então ao invés de criarmos um ciclo virtuoso de crescimento para a população e para a economia como um todo, nós acabamos sempre estando como se fosse o cachorro correndo atrás do rabo, ou seja, nós só vamos atender aquela demanda depois que ela chegou, e não se preparar para atender uma demanda futura, o que acaba causando inclusive inflação não só pra agora, mas para as futuras gerações", ressalta o professor de Finanças da FGV, Ricardo Rochman. A taxa de investimento no Brasil passou de 16,4% para 17,6% do PIB, no terceiro trimestre Jornal Nacional Repercussão política O presidente Lula comentou o resultado do PIB em uma rede social. Ele disse que o crescimento significa mais emprego e renda nas mãos dos brasileiros. LEIA TAMBÉM PIB do Brasil cresce 0,9% no 3° trimestre de 2024, diz IBGE PIB do Brasil cresce 1,4% no 2° trimestre de 2024, diz IBGE Fazenda vê PIB com 'ritmo robusto' e deve revisar projeção de 2024 para valor acima de 3,3%