Formação do lago da Usina de Porto Primavera provocou impactos ambientais irreversíveis no Oeste Paulista, alerta Apoena

Mudança mais visível foi a alteração drástica da paisagem no entorno do Rio Paraná. Impactos ambientais foram sentidos por moradores do Oeste Paulista Apo...

Formação do lago da Usina de Porto Primavera provocou impactos ambientais irreversíveis no Oeste Paulista, alerta Apoena
Formação do lago da Usina de Porto Primavera provocou impactos ambientais irreversíveis no Oeste Paulista, alerta Apoena (Foto: Reprodução)

Mudança mais visível foi a alteração drástica da paisagem no entorno do Rio Paraná. Impactos ambientais foram sentidos por moradores do Oeste Paulista Apoena A criação da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, para geração de energia através do Rio Paraná mudou o percurso das águas há 25 anos no Oeste Paulista. Antes, o que era um longo trecho uniforme passou a ser considerado um lago e necessita de cuidados ao transitá-lo. 📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Conforme a Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena), o impacto mais visível de 1980, ano em que começaram as obras, para os dias atuais foi a alteração drástica da paisagem, que antes era formada por águas límpidas e correntes, ilhas, praias e vegetação nativa de Mata Atlântica e Cerrado. “Hoje consiste em um cenário de espelho d'água gigante, monocórdio, pouco verde e muitos barrancos e solos expostos – embora isso não tenha tirado totalmente os seus encantos”, disse o presidente da Apoena e ambientalista Djalma Weffort ao g1. O Portal g1 Presidente Prudente e Região publica a série “Os desafios da navegação no Rio Paraná”, com 10 reportagens especiais que mostram a situação da atividade náutica no trecho afetado pelo lago formado pela Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, no Oeste Paulista. Os desafios da navegação no Rio Paraná Os impactos ambientais foram sentidos principalmente pelos moradores da região que aproveitavam as águas para garantir o sustento, além dos momentos de lazer. “Pelo fato de ser, no passado, um curso d'água menos amedrontador, havia mais movimentação de barcos, pessoas, navios e embarcações, presença constante de pescadores e turistas que desfrutavam de ilhas e praias, algumas das quais podiam ser acessadas a pé, quando o rio encontrava-se mais baixo nos meses de outubro a dezembro. Havia moradores, atividades agrícolas e pecuárias nas ilhas”, contou Weffort. Formação do lago da Usina de Porto Primavera provocou impactos ambientais irreversíveis no Oeste Paulista Apoena O curso d’água atual, conforme o ambientalista, gera dificuldades na navegação devido à presença de "esqueletos" de árvores remanescentes das antigas margens do rio, agora parcialmente submersas, que provocam acidentes com frequência. Além disso, os desabamentos de paredões nas margens, formados pela falta de vegetação ciliar, as condições climáticas, a ausência de formação profissional e a "irresponsabilidade de barqueiros" são exemplos de situações que significam riscos ao trafegar com embarcações pelo lago. “O fluxo das águas (correnteza) não é uniforme ao longo do trecho mencionado [lago da Usina de Porto Primavera]. O trecho é salpicado por ilhas, baixos de areia e esqueletos de árvores parcialmente submersas. A bela paisagem ribeirinha embala os ocupantes em euforia romântica e leva à distração dos reais perigos durante o percurso”, pontuou Peter Mix, ambientalista, fotógrafo e pesquisador da Apoena. Formação do lago da Usina de Porto Primavera provocou impactos ambientais irreversíveis no Oeste Paulista Apoena Antes da formação do lago, mesmo que o rio ainda oferecesse perigo, era possível ter mais atividades de lazer. “Pelo aspecto de mais segurança – embora não deixasse de oferecer riscos –, muito mais gente nadava no rio, sem contar com as famosas travessias a nado entre os dois estados [São Paulo e Mato Grosso do Sul] que marcaram época nos anos 70 a 90”, disse Weffort. Além disso, na visão da Apoena, a antiga dinâmica do "Paranazão" alternava a paisagem de acordo com as estações do ano, formando ilhas marginais, berçários de peixes e movimentação intensa na fauna, principalmente de aves migratórias, que desapareceram. “Mas a parte visível é apenas resultado de uma intervenção humana muito mais grave e danosa à vida natural do Rio Paraná que se caracterizou pelos impactos irreversíveis nos meios físico, biológico e socioeconômico com enorme prejuízo ao meio ambiente e à biodiversidade brasileira”, explicou o presidente da Apoena ao g1. Apoena atua no reflorestamento das bordas do Rio Paraná Apoena Como mudar o cenário de degradação? Diante dos impactos provocados pela criação do lago, o ambientalista explica que para amenizar os danos é preciso promover a restauração florestal em todo o perímetro entre cotas do reservatório, nas áreas denominadas de maximorum. Além disso, também é necessário realizar uma arborização urbana e implantar parques naturais nos municípios ribeirinhos, visto que as florestas funcionam como barreiras naturais que amenizam ventos fortes, temporais e tempestades que costumam provocar ondas revoltas. Ainda na visão do ambientalista, com as mudanças climáticas, as estações do ano deixaram de ser medidas seguras para planejar itinerários no local e resultam cada vez mais em imprevisibilidade das condições de navegação. Desta forma, os cuidados para quem desejar trafegar pelo local devem ser redobrados. "Dotar todas as embarcações com suficientes coletes salva-vidas, gasolina de reserva, remos, corda e facão, agua potável, capotas contra chuva e meio de comunicação. Prever e exigir formação profissional para piloteiros. Fiscalizar aptidão e manutenção de embarcação para o respectivo fim", finalizou a Apoena. Apoena atua no reflorestamento das bordas do Rio Paraná Apoena VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.

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