Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial: 'Ficam impactados'
Mariano Bícego, de São Sebastião do Paraíso, se dedica a levar turistas de todo o Brasil para conhecerem os locais onde a última grande guerra aconteceu. U...
Mariano Bícego, de São Sebastião do Paraíso, se dedica a levar turistas de todo o Brasil para conhecerem os locais onde a última grande guerra aconteceu. Um historiador de São Sebastião do Paraíso (MG) decidiu aliar o conhecimento dele com o turismo e hoje se dedica a levar grupos de brasileiros interessados em conhecer de perto os locais que serviram como campos de batalha da Segunda Guerra Mundial na Europa. 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp Mariano Bícego foi professor de história por mais de 20 anos e secretário de Esportes da prefeitura municipal. Nesse período como secretário, ele teve contato com dirigentes da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), já que as seleções brasileiras de base da modalidade passaram a treinar na cidade. Algum tempo depois, ele foi convidado para ser administrador de seleções e passou a viajar com as equipes, organizando grupos que viajavam o mundo competindo em mundiais da categoria. Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego "Passei a organizar as viagens da seleção. Daí foi um passo para o turismo. Eu levava jeito com grupos, conseguia resolver todos os problemas lá fora, e aprendi inglês na raça, sem nunca ter tido uma escola, aprendi inglês, aprendi espanhol, meio de de forma audodidata", contou Mariano. Ele percebeu que, como se comunicava bem com as pessoas, o turismo era uma oportunidade e passou a levar grupos comuns para fazer viagens no exterior, já de olho em histórias relacionadas à guerra.. "Eu vi que eu podia me comunicar bem, comecei a fazer turismo comum, levava as pessoas para ir para os Estados Unidos, para a Europa, mas pessoas comuns. Daí, eu sempre tinha um dia livre nos roteiros que eu fazia, com grupos comuns, eu ia ver locais onde aconteceram histórias relacionadas aos conflitos mundiais", disse. Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Interesse pela história das guerras Mariano conta que o interesse pela história das guerras veio desde pequeno, quando ele assistia a filmes sobre conflitos. "O interesse não é pela guerra, poucas pessoas no mundo acho que amam a guerra, mas o interesse é sempre pela história. A guerra ela tem uma ação transformadora na história, a guerra é o ponto extremo da história, todas as guerras que aconteceram até hoje sempre foram momentos agudos e transformadores na história da humanidade, por isso que ela exerce uma atração em uma parte das pessoas", explicou. Mariano conta que a atração pela história das guerras desde pequeno o fez se tornar posteriormente um historiador. "O meu gosto veio dali. Daí eu acabei virando por profissão historiador e aí a paixão pela história só aumentou porque finalmente você ao estudar história, você tem contato com diversos autores, com uma biblioteca grande que tinha na faculdade onde eu estudei, então você só vai aumentando o seu conhecimento e o seu interesse consequentemente". Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Mais de 300 mil seguidores Hoje o historiador tem um canal no Youtube com mais de 300 mil seguidores interessados especificamente no assunto Segunda Guerra Mundial. Mariano conta que depois que fez a primeira viagem, fotografou e documentou tudo, e percebeu que o conteúdo poderia se transformar em vídeos. "Aí eu contratei um editor, porque eu não tenho muita habilidade para editar. Mas eu roteirizei, peguei as imagens que eu tinha, associei a outras imagens que eu pesquisei, roteirizei o primeiro programa, o segundo programa e hoje eu estou com centenas de programas publicados. Tudo conteúdo meu, com locais icônicos, marcantes, impactantes e também locais e histórias desconhecidas". Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Segundo o historiador, é quando se viaja para os locais onde a história de fato aconteceu, é que se descobrem detalhes que não estão nos livros. "Essa é uma coisa que você aprende quando se viaja para esses lugares históricos. Você percebe que a história é muito maior do que aquela que está nos livros. Então a cada viagem você descobre um fato novo, um lugar novo e aí o assunto é infindável, eu vou contando e narrando essas histórias do canal". Contato só no aeroporto É através do canal sobre histórias da Segunda Guerra que o historiador divulga os roteiros e fecha os grupos de turistas interessados em explorar os locais onde as batalhas ocorreram na Europa. O contato com eles acaba acontecendo somente no aeroporto, na hora do embarque. "Realmente eu conheço a grande maioria das pessoas que viajam comigo no aeroporto, no dia do embarque. Então, é uma confiança mútua e ao mesmo tempo muito prazerosa conhecer essas pessoas porque a gente fica amigo pro resto da vida. As pessoas desenvolvem um laço ao conviver durante 12 dias com outras pessoas com o mesmo objetivo, o mesmo interesse, o mesmo perfil e aí a amizade fica pra vida inteira", conta o historidor. Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Mariano diz que o perfil de pessoas que se interessam pelo tema é majoritariamente masculino, mas o número de mulheres e jovens que buscam informações ou acompanham parentes têm aumentado. "O perfil, em sua grande maioria, 92% são homens acima de 30, 35 anos, já com uma situação financeira equilibrada porque uma viagem internacional custa em média R$ 20 mil, R$ 22 mil. São pessoas que leram sobre as guerras, assistiram filmes a vida inteira e querem realizar o sonho de estar naquele local. Então o meu trabalho basicamente é isso, é realizar os sonhos desse perfil de pessoas". Segundo o historiador, a partir do momento em que o grupo se reúne, é como se eles estivessem em uma missão, desbravando o desconhecido. "É como se fosse um Band of Brothers, ou seja, bandos de irmãos mesmo, em uma missão e a gente brinca muito, parece um grupo em missão, no campo de batalha, é bem legal" Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego "E aí todo aquele desconhecido, porque eles estão na Europa, estão comendo comida diferente, costumes diferentes. E durante a viagem eu acompanho todos, todos os grupos, a gente viaja juntos. Eu estou sempre ali para motivar, para explicar, para facilitar a interação e as pessoas superarem as barreiras ou os limites que todo mundo tem ao estar em uma terra estrangeira", explicou. Mariano diz que a excursão é basicamente a realização de sonhos e uma "viagem na história", que inclusive é o nome do canal criado por ele. "Quando a gente volta ao Brasil estão todos cansados, mas muito, muito satisfeitos e carregam aquilo que fizeram, aquilo que conheceram e que visitaram, carregam para o resto da vida" Os roteiros pela Europa Mariano explica que ele e os grupos de viajantes visitam apenas locais que foram palco da Segunda Guerra Mundial e não de conflitos atuais. Ele reforça que o interesse de todos é pela história e não pela guerra. "A gente tem interesse na história de conflitos que já ocorreram há um tempo atrás e que marcaram a nossa vida porque, inclusive a sociedade brasileira, que nunca sofreu num período recente guerras ou ataques, mesmo assim, nós sofremos as consequências destas guerras que aconteceram na Europa ou no Oriente Médio". Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego O historiador conta que antes de levar os turistas, percorre o roteiro sozinho para pesquisar a história, traçar a rota e verificar as distância a serem percorridas, as estruturas e os atrativos. "Misturando campos de batalha, museus, memoriais de guerra, com um pouco também de cultura local, de lugares bonitos de se visitar também, mas não sendo esse o foco principal, o foco é a história. Esses roteiros são de 12 dias, sempre eu foco nessa duração 12 no máximo 13 dias, porque o brasileiro é muito fiel às suas famílias, às suas terras, às suas origens, então ele não consegue ficar muito tempo longe de casa". Segundo Mariano, ele chega a rodar até três mil quilômetros na Europa levando os turistas para os roteiros escolhidos em vans alugadas. "A gente aluga as vans pra fazer nossos deslocamentos com um grupo de 40 pessoas, por exemplo, agora em junho, na Normandia, na Bélgica, na França. A gente estava em seis vans locadas e é muito gostoso, porque fica aquela caravana de viagem na história pela Europa e quando a gente chega num local, num restaurante, num museu, numa loja, o pessoal adora, porque o brasileiro gasta né? Então, eles assustam no começo, porque são brasileiros alegres, risões, barulhentos, e os europeus mais conservados. Mas, logo, a gente se adapta e o brasileiro gasta bastante, então eles acham bom", contou. Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Locais mais visitados O historiador trabalha com seis roteiros que contam a história da Segunda e também da Primeira Guerra Mundial. "Quanto aos locais que nós visitamos são museus, memoriais, campos de batalha, e existem muitos na Europa. A França, a Bélgica, a Inglaterra, a Alemanha, a Polônia, a República Tcheca, são países que têm, a Holanda, que tem muita história. E então a gente visita sempre esses países em rotas diferentes". Ele diz que tem uma procura alta por todos os roteiros e que as pessoas ficam impactadas ao visitarem os locais onde a história aconteceu. "Todos os roteiros eu tenho uma busca alta por eles, que é um roteiro da Normandia, com Bélgica e Luxemburgo, onde eu faço as praias do dia D, e Bastogne, a linha Maginot, enfim, Verdun. E quando as pessoas estão nas praias, onde aconteceram os desembarques do Dia D, o cemitério americano que ficou famoso por conta do filme "Resgate Soldado Ryan", enfim, estar ali as pessoas ficam bem impactadas", contou. Historiador mineiro leva turistas para conhecerem de perto os vestígios da 2ª Guerra Mundial Arquivo Pessoal / Mariano Bícego Os locais onde Adolf Hitler e os nazistas frequentavam e também o campo de Concentração de Auschwitz, fazem parte dos roteiros visitados pelos turistas. "Lugares como a Toca do Lobo, onde Hitler sofreu o atentado, ou o Ninho da Águia, onde ele passava, era o seu local de refúgio e recebia autoridades do partido nazista, Nuremberg, onde aconteciam os desfiles de massa e aquela manipulação de massa, multidões que cultuavam Adolf Hitler. Outros locais como o campo de concentração de Auschwitz também são muito impactantes e as pessoas têm muito interesse em conhecer". "Então o prazer das pessoas que participam é duplo, eles realizam o sonho de pisar naquele campo de batalha, de ver aquele monumento, de ver locais que eles só viam por livros e também de adquirir algo, uma parte dessa história nesses mimos desses souvenirs de guerra que existem". O historiador comemora o fato de poder passar à frente o seu conhecimento e fazer com que o turistas possam viver parte dessa história. "Foi toda uma evolução natural sem forçar e sempre com interesse primeiro na história e se isso tudo viabilizou uma iniciativa, vamos dizer, com fins lucrativos pra mim, foi bom que eu juntei as duas coisas", completou Mariano. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas